sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Espirulina no alto-sertão das espinharas


Não há dúvida, o nordeste é um grande gigante. Um celeiro adormecido num sono profundo que precisa ser despertado o quanto antes.

Ainda de férias, resolvi visitar a fazenda Tamanduá (distante de Pombal 90 km) de propriedade do francês Pieere e me encantei com o que vi ali, na caatinga, no meio do nada, no meio do mundo...

A fazenda Tamanduá está situada no município de Santa Terezinha-PB distante 20 km de Patos rumo ao vale do Piancó. Com uma flora típica da região do semi-árido, lá se encontra jurema preta, jurema branca, catingueira, angico, marmeleiro, juazeiro, mufumbo, mangueiras e oiticicas.

Pois bem, até aqui nenhuma novidade. Toda (ou quase toda) propriedade da região tem angico e juazeiro. O diferencial é que a fazenda Tamanduá é hoje um referencial na produção de alimentos orgânicos praticando exportação em alta escala para a Europa, enviando nada mais nada menos do que 55.000 caixas de manga (nas variedades Tommy Atkins e Keitt).

Por outro lado, toda a sua produção de leite e aproveitada na própria fazenda na fabricação de quatro tipos de queijos. Três de origem européia (o saint paulin, o reblochon e a ricota) além do nosso tradicional queijo de coalho.

A propriedade, de 2.500 hectares, produz ainda leite de cabra pasteurizado e mel de abelha de jandaíra, tudo com certificado do Instituto Biodinâmico (IBD), inspeções periódicas da vigilância sanitária e registro do Ministério da Agricultura.

Tudo na fazenda gira em torno do conceito da produção orgânica, ou seja, sem nenhuma utilização de agrotóxicos.

Mas, a Tamanduá não é apenas um centro de produção orgânica, a fazenda tem se revelado um centro avançado de pesquisa nas mais diversas áreas agrícolas a exemplo do que ora se desenvolve com a espirulina, tipo de alga que congrega em suas propriedade nada mais nada menos do que 75% de proteínas, rica em vitamina A, ferro, cálcio, magnésio, fósforo e em micro minerais extremamentes importantes para a nutrição, atua ainda como complemento dietético protéico e pode ser usada como coadjuvante no tratamento da obesidade e hipertensão.
A espirulina é uma alga unicelular formada por células grandes que cresce em águas alcalinas, e como já dito, ricas em minerais. Contém clorofila A, carotenóides e pigmentos azuis (ficocianinas) razão pela qual pertencem ao grupo das algas verde azuladas ou cianobactérias. Possui alto índice de digestibilidade com uma absorção de 85%.
A espirulina já era utilizada pelos astecas que a preparavam como um caldo, adicionando a tudo o que comiam. Pesquisada por vários anos no Japão, França e EUA, é saudada como uma das maiores descobertas no campo da alimentação naturalista deste século. E está sendo cultivada no alto-sertão da Paraiba, bem pertinho de nós.

Urge registrar que os vizinhos da propriedade Tamanduá não cultivam em suas terras sequer um pé de coentro.

Enfim, voltei da visita mais convencido ainda de que a pobreza do nordeste não é só um caso (ou descaso) político, mas é sobretudo um caso de polícia. É preciso fazer algo urgentemente.


2 comentários:

Unknown disse...

Enquanto isso, em Pombal........

Anônimo disse...

É com esse tipo de iniciativa da fazenda Tamandua que vemos que o problema do nordeste não é a seca. Mas sim essa raça maldita de políticos que temos.Temos um outro exemplo onde uma multi nacional instalou uma fabrica de extração de vitamina C no Ceará.

Parabens a fazenda tamanduá pela iniciativa.