quinta-feira, 1 de maio de 2008

Opinião

Desde que soube que a Marcha da Maconha iria acontecer em João Pessoa, imaginei a qualidade do debate...

Querem fazer a experiência? Leiam os jornais ou pesquisem no google e vejam as reações, não muito diferentes daquelas que existiam (e ainda existem) com relação à realização das Paradas Gay.

Normalmente é assim: "esse bando..."

Voltem no tempo e imaginem o que seria uma parada de mulheres contra a violência no incício do século XX ou uma marcha de negros pela abolição da escravatura e assim por diante. Se dependesse desse povo o ser humano sequer teria algum dia descido das árvores e caminhado pelas savanas.

Não me perguntem. Não sou contra, nem a favor. Acho horrível o cheiro de maconha, aliás, não acho nada, pois na época da Ditadura Militar tive um primo que foi achar e até agora não acharam o coitado. Deve estar lá numa cova do Araguaia...

Mas fiquei preocupado, pois existe um tipo penal absurdo chamado "fazer apologia das drogas". Pelo amor de Deus, em um Estado de direito é possível existir um tipo penal tão aberto? O Prêmio Nobel de Economia Milton Friedmann, caso ele fosse brasileiro, já taria no xilindró há muito tempo.

Mas enfim, entrei no site dos organizadores do evento. Achei o troço muito mal feito, até porque num link intitulado "È crime fazer apologia das drogas", eles dizem que os usuários de entorpecentes são, pasmem, "cidadãos de bem", ou seja, eles usam a mesma expressão usada pelos fascistas para desqualificar os direitos humanos.

Como costumo dizer nas minhas aulas, não existe "cidadão de bem" ou "cidadão do mal", existe apenas o cidadão e ponto final. Méritos ou deméritos não dizem respeito à cidadania...

Mas pior mesmo foi ouvir um delegado da PF dizendo que a instituição vai filmar a marcha, respeitando a liberdade de expressão e o direito de reunião... Conselho de gente grande: vá não, mó sujeira...


Eduardo Rabenhorst

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