sexta-feira, 6 de junho de 2008

Tana de Godô: Um ser humano formidável e especial

A rua de baixo é rica em carinho, atenção e solidariedade humana, seus moradores, todos, na verdade, uma única família, possuem características ímpares como afabilidade e disponibilidade em servir ao próximo.

Francisco Cardoso Bispo é especial e singular na expressão literal do termo. Amigo fiel e dedicado, disposto e trabalhador, Tana de Godô, como é conhecido popularmente, tem lugar de destaque na geografia humana da rua de baixo, ao lado de Rita, Luciano e família e Luciana e família.

Foi pedido meu, atendido prontamente, os nomes do casal de filhos. Morávamos vizinhos a eles na rua de baixo, quando de nossa permanência entre os anos de 1974 e 1976 no reduto dos Cardoso D´Arão, onde o velho ourives Benigno Ignácio Cardoso D´Arão manteve durante décadas sua casa-oficina fabricando verdadeiras relíquias em outro e prata.

Gosto muito de conversar com Tana, lembra meu sauoso pai, de quem ele era sobrinho legítimo, visto ser filho de Enedina Cardoso, filha de Onofre Benigno Cardoso e de Francisca Martinha Cruz Cardoso. Nossa avó era filha de Menandro José da Cruz e Martinha Vieira da Cruz. O filho natural do português Jerônimo Ribeiro Rosado e da piauiense Francisca Freire de Andrade era genro de Sinhozinho Vieira, importante agro-pecuarista, dono do sítio Lajedo. O sogro de Menandro Cruz era da família "Maniçoba", de Pombal.

Tana é gêmeo com Francisca Cardoso Bispo, de saudosa memória, nossa estimada e inesquecível Quinha de Mané de Peba. Quinha também era especial, assim como Zé, Chico, Salete de Benigno, enfim, todos da descendência de Enedina cardoso Bispo e Godofredo Bispo, extensivo aos Cardoso D´Arão e suas ramificações.

Há horas que paro para pensar quantas vezes Tana é chamado para nos ajudar com caixas pesadas com mantimentos que minhas queridas tias enviam regularmente, estando sempre pronto a auxiliar da melhor forma possível, nunca se negou, em hipótese alguma, a fazer favores, razão pela qual é extremamente querido por todos.

Nas conversas que tenho com Tana, invariavelmente a figura de Biró de Onofre é referência, pois busco na memória do querido primo legítimo fatos e detalhes da vida do homem com quem convivi pouco tempo, tendo em vista que era bem pequeno quando do seu falecimento.

Tana me conta sobre diversas, inúmeras, incontáveis pescarias realizadas com Biró de Onofre. Varavam noites estendendo galões ao longo do percurso do rio Piancó, bem como em açudes próximos ou distantes. Meu pai tinha verdadeira devoção de amizade e consideração pelo dileto sobrinho, sendo esta uma das razões por que também me despertou de forma intensa o carinho por Tana de Godô, extensivo aos demais familiares, todos extremamente respeitados e considerados conforme reza a tradição sertaneja.

Trabalhador incansável, Tana herdou costumes dos velhos troncos sefaraditas, como o gosto em trabalhar a terra, vê-la produzir. Essa é uma marca indelével do povo semita, gostar de trabalhar o chão, semeá-lo, cultivá-lo, colher seus frutos.

Quando vou a Pombal procuro de imediato saber onde está Tana, o que está fazendo, sempre obtendo respostas positivas e animadoras, pois o progresso e o bem-estar dos nossos entes queridos devem nortear todas as prerrogativas do imaginário de qualquer pessoa.

Tana é sinônimo de nobreza, de amizade, de confiança, de dedicação e de zelo pela família. É um típico representante da riqueza humana que faz da rua de baixo um lugar mágico e especial dentro do espaço urbano da velha terra de Maringá.

Pessoas bondosas e honestas, amigas e sinceras, enriquecem a rua de baixo, há tempos imemoriais. A rua de baixo sempre foi conhecida por isso, por abrigar gente boa, da melhor qualidade.

Causa-me tristeza ver as pessoas da rua de baixo ser submetidas a verdadeiro suplício quando das enchentes. Em 1977, bem como em 1985, presenciei calamidades inenarráveis se abaterem sobre os moradores da antiga e tradicional localidade urbana pombalense. Ruíram casas, as quais abrigaram sonhos, vidas, esperanças, coisas do cotidiano.

Minha tia Corinta me disse que a casa onde Tana e a família residem é um apêndice do terreno que Enedina construiu sua casa, depois de ser atendida pelo próprio presidente Vargas, a quem escreveu solicitando ajuda.

Tana, figura humana magistral, pessoa boníssima a quem dedico afeto e amizade, respeito e consideração, aceite essa humilde homenagem do seu primo que muito lhe estima, pois estás sempre presente em minha memória, em meu apreço, em minhas recordações imorredouras.



(*) José Romero Araújo Cardoso. Primo legítimo de Francisco Cardoso Bispo (Tana de Godô)

Um comentário:

Unknown disse...

VIVA A RUA DE BAIXOOOO ( VIVAAAAAA...)