quinta-feira, 16 de abril de 2009

Dix-sept Rosado: Ninguém amou mais São Sebastião do que ele

Tenho que buscar no fundo da memória, nas mais profundas recordações, o que Severino Cruz Cardoso e Jerônimo Vingt-un Rosado Maia me contavam sobre Dix-sept Rosado e a convivência deste no antigo distrito de São Sebastião.

Empresário da exploração de gipsita, seguindo os passos do genitor Jerônimo Rosado, Dix-sept se identificava plenamente com o modus vivendi dos trabalhadores da pedreira, bem como com a própria vida social do antigo distrito mossoroense. Varava noites ouvindo a música-símbolo adotada pelo povo das Vossorocas da Espadilha, intitulada “Juazeiro”, composição de autoria de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, sempre atento às conversas interessantes nas inúmeras rodas de amigos que frequentemente eram formadas quando das interrupções das atividades pertinentes às atividades da exploração de gipsita na pedreira.

Dix-sept, conforme depoimentos de papai e de Vingt-un, era homem simples, sem cerimônias, pois respeitava a todos, não distinguindo rico ou pobre, letrado ou analfabeto, todos eram iguais e mereciam a mesma consideração. Adentrava as choupanas dos cassacos da pedreira da mesma forma como freqüentava os salões dos altos circuitos sócio-políticos que se acostumara participar, em razão de sua opção pelas artes administrativa e empresarial.

Era comum encontrar Dix-sept Rosado encostado às banquetas da pedreira tomando café coado, de forma primitiva, com os trabalhadores que varavam as noites em busca de novas jazidas de gipsita. Na companhia de homens simples, Dix-sept se sentia à vontade, era sua gente, compartilhava com eles seus sonhos e anseios.

São Sebastião era uma das grandes razões de vida para ele, possuindo profunda afeição à terra colonizada por Sebastião Machado de Aguiar, participante da vida social de forma ativa, conhecendo todos pelo nome, Dix-sept era parte integrante do antigo distrito, presença obrigatória em tudo.

De surpresa, chegava nos casebres mais humildes avisando que almoçaria ou jantaria naquele ambiente simples. Ninguém achava estranho, pois era costume dele fazer isso, sem se importar se havia feijão na pura água ou algo mais sofisticado. Todos se sentiam lisonjeados quando Dix-sept escolhia aleatoriamente uma casa humilde para visitar.

Indubitavelmente, ninguém amou mais São Sebastião do que Jerônimo Dix-sept Rosado Maia. Pelos depoimentos informais de Severino Cruz Cardoso e Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, cheguei à conclusão que havia da parte de Dix-sept Rosado amor incondicional, calcado em puro telurismo, pelo sagrado chão de ricas jazidas calcárias.

A tragédia aviatória ocorrida no rio do sal, em Aracaju, capital sergipana, no dia 12 de julho de 1951, ceifou, além de 31 vidas, àquele que dedicou muito de sua existência a honrar as tradições sertanejas exponencializadas na terra sagrada protegida pelo mártir São Sebastião.

Não obstante ter sido uma decisão política, acredito e defendo a homenagem ao ilustre mossoroense que teve uma bela história de amor com Sebastianópólis, topônimo do então distrito, quando de seu falecimento. Ainda em julho de 1951 o município passou a se chamar Governador Dix-sept Rosado, sendo que defendo a continuidade da justa homenagem a um dos maiores políticos e empresários brasileiros que deixou marcas indeléveis na terra da qual é patrono.


(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor da UERN.

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