quinta-feira, 17 de setembro de 2009

(...)Não há surpresa porque para o homem adulto não há mais o sexo a descobrir, nem a morte que nunca é uma descoberta, mas apenas um enfrentamento. Há, para Daigo, e todos com quem ele se encontra, uma morte, a morte dos outros, sempre dos outros, que corre o risco de perder-se na barbárie de um mundo que negando a morte como um elemento da vida, nega também a vida como o sentido construído dentro do tempo e de seu limite. São tantos os limites da vida que a morte, como final de tudo, é o relógio que mede cada instante. Nunca um fim último, mas o presente que, não elaborado, se encerra em si mesmo, e nos encerra no medo ou na inação. Há em A Partida, apenas a morte que a todos pertence e que nos esforçamos por deixar longe de nós. Ilusão que nos dá sentido? Mas de que adiantaria pensar diferente?

Talvez ver que a vida teve ou não sentido conforme o ponhamos nela. Que é finita e que a tornamos infinita por nossas obras, em vez de crer que nos pertence.


Trecho do artigo "A Partida"

Marcia Tiburi

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