quinta-feira, 12 de agosto de 2010


Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.

Irmã das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
No vento

Se desmorono ou se edifico,
Se permaneço, ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa rimada.
E um dia sei que estarei muda:
- mais nada.


Cecília Meireles

3 comentários:

Anônimo disse...

" A dor que se dissimula dói mais..."

Jairo Alves disse...

A dor que se sente,
quando não se dói,
dói mais do que,
a que, se não ouvesse doído...
Pois que seja sempre
assim,
dissimulada,
e cá,
a nós,
despercebidos,
por pensarmos
que sentimos,
e não setirmos
como as tanto dói...
(...)

Anônimo disse...

Bravo ! Bravíssimo,Jairo,caríssimo !