sábado, 16 de abril de 2011

Dolências

Eu fui cadáver, antes de viver!…
- Meu corpo, assim como o de Jesus Cristo,
Sofreu o que olhos de homem não têm visto
E olhos de fera não puderam ver!

Acostumei-me assim, pois, a sofrer
E acostumado a assim sofrer, existo…
Existo!… – E apesar disto, apesar disto
Inda cadáver hei também de ser!

Quando eu morrer de novo, amigos, quando
Eu, de saudades me despedaçando,
De novo, triste e sem cantar, morrer,

Nada se altere em sua marcha infinda
- O tamarindo reverdeça ainda,
A lua continue sempre a nascer!


Augusto dos Anjos

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