sábado, 16 de julho de 2011

Soneto da Armida

Os quinze anos de uma alma transparente,
O cabelo castanho, a face pura,
Uns olhos onde pinta-se a candura
De um coração que dorme, inda inocente.


Um seio que estremece de repente
Do mimoso vestido na brancura,
A linda mão na mágica cintura,
E uma voz que inebria docemente.


Um sorriso tão angélico! tão santo
E nos olhos azuis cheios de vida
Lânguido véu de involuntário pranto!


É esse o talismã, é essa a Armida,
O condão de meus últimos encantos,
A visão de minh’alma distraída!


Álvares de Azevedo

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