domingo, 6 de novembro de 2011

Crianças são crianças

Você já parou para analisar o que diz, pede ou manda uma criança fazer? Experimente. Provavelmente irá se surpreender. Já vi e ouvi coisas absurdas que quero aqui compartilhar.

Certa vez, caminhava pela rua quando, pouco adiante, duas crianças saiam de um carro e sua jovem mãe logo atrás. Rapidamente as crianças subiram numa pequena grade que cercava um prédio. O que vi a seguir foi realmente absurdo. Aquela estressada mãe deu um enorme empurrão em cada uma das crianças, para que descessem dali, gritando-lhes o quanto eram danadas, desgraçadas; que se caíssem iriam dar trabalho para ela. Diga-se de passagem que o pai ia junto, sem dizer qualquer palavra.

Crianças são crianças, vivem subindo em grades, cercas, sofás, mesas, etc. E, pode acreditar, não fazem isso só para irritar os adultos. Fazem porque têm uma energia vital, porque são aventureiras, porque precisam ver as coisas de cima, como só os adultos vêem. De outra vez, uma mãe levou seu filhinho de uns 4 anos rigorosamente vestido, penteado e arrumado para o departamento infantil da igreja e lhe deu ordens estritas de não se sujar. Criança é criança! Ela gosta de desenhar no papel, na mesa, no chão; gosta de sentir a textura da massa, da areia, da tinta; há centenas de coisas à sua volta para descobrir, conhecer, experimentar, por isso é mais prático limpar as mãozinhas na roupa ou na toalha do que perder tempo indo lavar as mãos.

Doutra feita, um pai repreendeu o filho, chamando-o de mentiroso e ordenando-lhe que fosse para a cama dormir porque não havia monstro algum no quarto. Criança é criança. Em sua imaginação existe super-herói, monstro, papai-noel, chupa-cabra e etc. No escuro, uma camisa dependurada vira fantasma, uma sombra vira monstro, um ruído vira um estrondo.

Conheço uma mãe que dizia aos filhos que, se chegasse do trabalho e não encontrasse tudo em ordem, cabeças iriam rolar. Sabe o que a criança imagina nessa hora? Suas cabeças rolando pelo chão ou pelo ar, como bolas. Crianças não fazem associações subjetivas. Seu trabalho mental é no concreto, no que conhecem de ver, tocar. Por isso, é importante conversar com elas usando palavras claras e simples, exemplos palpáveis. Sua infindável curiosidade irá se satisfazer quando ela encontrar as respostas certas.

Por que a criancice da criança irrita o adulto? Por que é exigido dela comportamento de gente grande? Dê uma resposta para você mesmo a estas perguntas.

Devemos então deixá-las pular em cima de todos os sofás, mesas e árvores; que se sujem dos pés à cabeça; levar ao pé da letra tudo o que dizem? Claro que não. Crianças para se tornar adulto responsável precisa de limites, regras, educação. E, acima de tudo, da sua mão.

Que nas brincadeiras a crianças encontre diversão; nas dúvidas encontre verdadeiras respostas; nas conversas, sinceridade; na solidão e no medo, uma voz familiar que lhe diga: Estou aqui, meu filho...


Elizabete Bifano
Psicóloga

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