terça-feira, 20 de março de 2012

Grandes canalhas da literatura (I)

Só existem dois tipos de homens, amigo, os Vadinhos e os Teodoros.

Simples assim e esquemático. Ou se é um ou se é o outro.

O primeiro não presta, mas derrete o coração das mulheres com a sua canalhice; o segundo é um sujeito virtuoso, direito, o objeto de desejo de uma fêmea quando está sofrendo, no dia-a-dia do lar, com um macho desmantelado.

Os dois se completam. Os Vadinhos jogam, bebem e são raparigueiros, piolhos de cabarés, só voltam para casa quando fecha a última barraca do mercado do Peixe, para ficarmos na geografia soteropolitana.

Os Teodoros não deixam faltar nada em casa, homens corretos, responsáveis, cumpridor dos seus deveres.

Como de besta não tinha nada, Dona Flor, por força da quentura do corpo e de alguma espiritualidade, conseguiu o milagre de viver com os dois maridos ao mesmo tempo, o safado e o virtuoso.

Morena gulosa. Mas fez por merecer em vida o banquete, a moqueca de machos fervida no óleo da testosterona.

Fora dos livros e do cinema, pode ser que o esquema não funcione a contento, mas o centenário Jorge Amado realizou o desejo secreto das mulheres, aquela vontade guardada lá no fundo do pote do juízo.

E assim começamos a série sobre grandes canalhas da literatura. Sugestões para as próximas crônicas?

Quem é o seu canalha predileto?


Xico Sá

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