quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Abaixo o Négo

O empresário Roberto Cavalcanti quer tirar o Négo da bandeira da Paraíba. Ele mexe com um vespeiro ao se posicionar assim, mas como tem panos pras mangas, com certeza não será hostilizado como seria outro mortal comum que inventasse essa coisa.
 
Na verdade, temos a bandeira mais feia do Brasil. Horrorosa, para ser mais exato. Aquelas cores vermelha e preta com um Négo no meio é mais uma demonstração de mau gosto do que afirmação de altivez, como quiseram fazer crer os bajuladores de João Pessoa nos idos de 30, logo após a sua morte com três tiros na caixa dos peitos.
 
Está mais do que na hora de se acabar com esse culto a personalidade de um homem comum como comuns foram outros homens que habitaram o nosso chão. João Pessoa foi um homem comum. Se perpetuou na memória bajulatória de alguns historiadores chinfrins porque foi morto a tiros e a sua morte serviu de tema para o golpe de estado desferido por Getúlio Vargas. Tivesse ele terminado o Governo e se aposentado, como os outros, hoje seria, no máximo dos máximos, um nome de rua, e rua sem expressão.
 
Mas morreu e como morto serviu de escada para um grupo de espertalhões, que lucraram com sua memória e ainda lucram com o culto ao seu nome. Tudo errado e montado, tudo mentira, tudo ficção científica da pior qualidade.
 
Ele teve algum mérito, não se pode negar. Todo mundo tem algum. Mas daí a ser transformado em herói e mártir vai uma distância quilométrica. Outros conterrâneos foram muito mais do que João Pessoa e morreram na orfandade das homenagens póstumas. Cito, por exemplo, Augusto dos Anjos, ainda hoje enterrado em Minas Gerais porque não quis voltar à terra madrasta que lhe negou pão e água. Temos outros, muitos outros, ilustres outros que passaram por aqui, marcaram presença e , quando não foram vítimas da indiferença dos conterrâneos, mereceram deles a pecha de bandidos e anti-heróis, exatamente porque isso convinha aos que se tornaram vencedores de uma guerra sem futuro.
 
Por isso merece acolhida a sugestão do pernambucano Roberto Cavalcanti. Foi preciso importar um sujeito de fora para abrir os olhos e curar a cegueira do povo daqui.

 
 
Do Blog do Tião Lucena

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