sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

"Causos" do deputado Chico Pereira - 1

Já que a política anda tão tumultuada, com todo mundo brigando entre si e ninguém se entendendo, vou relembrar aqui alguns políticos que faziam a política se tornar divertida. E começo pelo mais simplório e, nem por isso menos importante político que já viveu entre nós, Seu Chico Pereira de Pombal, homem de muitos votos, de pouca leitura e de muita presença de espírito.
 
Vinha ele de Pombal para João Pessoa, viajando no corujão da Gaivota, quando a certa altura retirou do bolso do paletó um grosso, comprido e vistoso charuto, fabricado em Arapiraca, acendendo-o com o isqueiro tabaqueiro e sem seguida ficou soltando baforadas que incensaram o ônibus de cabo a rabo.

Diligente, o cobrador se acercou dele e, educadamente, perguntou se o deputado sabia ler. Diante da resposta afirmativa, apontou para uma plaquinha instalada na parte de cima do parabrisa, bem à frente de Seu Chico e argumentou:
-Se sabe, deve ter lido ali na placa que é proibido fumar charuto, cachimbo e cigarro de palha.
-Bom basta, meu filho. Se eu fosse dar valor a placa, já tinha estourado meu bucho de tanto beber coca-cola”, respondeu seu Chico, depois de uma saborosa tragada.

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Mesmo depois de deixar a carreira de deputado, Seu Chico Pereira continuou freqüentando a Assembléia, ao lado de Zé Fernandes, na sala destinada aos ex-deputados.
Meio “esquecido” por causa da idade, num inicio de tarde indagou:
-Meu filho Aércio, saber dizer se já estão pagando a “truxe”?
Referia-se a TRU, verba de representação paga ao deputado que estava na ativa.
-Seu Chico, o senhor não é mais deputado -, lembrou-lhe Aércio.
E Seu Chico, dando uma tapinha na testa: -Ah, sim! Agora é que eu me lembro!”

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Campanha para senador, década de 70. Do lado do MDB, os dois maiores caciques da época: Humberto Lucena e Argemiro de Figueiredo. João Agripino, governador da Arena, estava sem candidatos. Reunião em Palácio, com as lideranças, para discutir o assunto. Todo mundo abestalhado, sem saber o que fazer. João, matreiro, aproveitou a indecisão e puxou um nome do bolso. Um nome desconhecido de todos. E perguntou:
-O que acham de Domicio Gondim?”
Todos se entreolharam, sem saber o que dizer. E João, olhando para o fundo da sala, viu o deputado Chico Pereira dormindo a sono solto. Imediatamente o chamou em voz alta:
-Seu Chico!”
-Ahnnn? – se espantou o veterano deputado.
-O que acha de Domicio Gondim?
-Lá em Pombal é só no que se fala -, garantiu ele, esfregando os olhos.
 
 
Tião Lucena

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