quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Oito em cada dez pessoas não têm controle total de gastos, diz pesquisa

Levantamento foi feito pelo SPC Brasil e CNDL em todas as capitais.Falta de disciplina para registrar todos os gastos é a maior dificuldade

Oito em cada dez brasileiros não tem controle total de suas despesas pessoais, segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), divulgada nesta terça-feira (28).

O levantamento foi realizado com 656 consumidores de todas as capitais brasileiras, sendo que a margem de erro é de 3,8 pontos percentuais. De acordo com a pesquisa, somente 18% dos entrevistados têm conhecimento total sobre o quanto possuem de renda e de gastos. A maioria (71%) tem apenas "conhecimento parcial" de suas finanças e outros 10% têm "baixo ou nenhum" conhecimento.

Classe social

Os dados do levantamento mostram ainda que não há diferença significativa entre os estratos sociais. Entre os que têm renda domiciliar de até R$ 1.330,00, o conhecimento pleno é de 16%. Somente 15% dos que ganham entre R$ 1.331,00 e R$ 3.140,00 apresentam total conhecimento sobre as próprias contas e, dentre os que têm renda acima de R$ 3.141,00, o percentual sobe um pouco mais, para 23%, segundo o estudo.

Na avaliação da economista do SPC Brasil Luiza Rodrigues, os dados reforçam a ideia de que a educação financeira está ligada ao comportamento e não necessariamente à renda dos indivíduos. “É uma questão de hábito. Mais dinheiro no bolso nem sempre significa melhor comportamento financeiro, incluindo pagamento de contas, uso do crédito e hábito de compras”, avaliou.

Falta de disciplina

Mesmo entre os que sabem pelo menos um pouco sobre suas finanças (controle total ou parcial das contas), há uma parcela significativa (28%) de pessoas que não utiliza um método organizado e faz o controle financeiro apenas “de cabeça”. “É preocupante que um contingente tão expressivo da população não utilize um método sistemático para organizar as próprias contas”, alerta a economista do SPC Brasil.

Quando indagados sobre as dificuldades que enfrentam na hora de fazer o planejamento das contas, a maior parte dos consumidores alegou que a falta de disciplina para registrar todos os gastos (39%) é a principal dificuldade. Outras opções como unir todas as informações (29%), recordar todos os pagamentos que não constam no extrato bancário (28%), falta de tempo (23%) e não saber calcular taxa de juros (11%) também foram citadas pelos entrevistados.

Comportamento de risco

A pesquisa detectou uma série de comportamentos que demonstram a falta de planejamento dos consumidores. Mais de um terço dos brasileiros (36%), segundo os números, admitiram não saber o valor exato das contas que terá de pagar no mês seguinte. Já em relação aos gastos extras, a maioria (57%) também afirma não saber com precisão o quanto terão de desembolsar no próximo mês, fato que dificulta o planejamento e o controle financeiro do próprio orçamento.

Consequência direta da falta de conhecimento sobre as próprias despesas, 36% dos entrevistados afirmaram terem deixado de pagar ou terem pago com atraso alguma conta nos últimos 12 meses. "Faturas de cartão de crédito (31%) e despesas fixas, como água, luz e telefone (28%) se destacam como os principais compromissos que não foram pagos em dia", informaram o SPC Brasil e a CNDL.

Ainda sobre o comportamento dos entrevistados no pagamento de contas, quatro em cada dez (38%) brasileiros que possuem conta corrente em banco admitem ter entrado pelo menos uma vez no cheque especial nos últimos 12 meses – sendo que 30%, mais de duas vezes. O mesmo se repete entre os têm cartão de crédito. Pelo menos 40% deles já deixaram de pagar a fatura integral no último ano, sendo que 26% são reincidentes e atrasaram mais de duas vezes ao menos.

“O cheque especial e cartão de crédito são as modalidades que cobram os juros mais altos do mercado. O atraso no pagamento dessas contas tem consequências perigosas para o consumidor”, alerta a economia Luiza Rodrigues, do SPC Brasil.

Seis em cada dez (56%) entrevistados pelo SPC Brasil informaram que chegaram ao fim do último mês sem ter conseguido poupar nenhum centavo. Na avaliação dos especialistas do SPC Brasil, a constatação é reflexo da “cultura do imediatismo” que conduz o pensamento de boa parte dos brasileiros. De cada dez entrevistados, 36% admitem que costumam adquirir produtos mesmo não tendo condições de gastar, ainda que eventualmente.

Fonte: G1

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