quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Pérola do dia

Há semanas que os assuntos para uma pequena e despretensiosa crônica diária é abundante. Outras o parto é difícil. Equilibrar temas e assuntos, todos os dias, não é tarefa fácil. Aquele que sempre tem uma piadinha pronta, ou conta histórias que não interessam absolutamente a ninguém, é o chato de carteirinha. Falar só de política acaba cansando. Os corruptos, e delinquentes políticos, vencem pelo nosso cansaço. E temos ainda que considerar que não há a menor possibilidade de agradar gregos e troianos. Os meus vinte leitores que consegui reunir, depois de anos de uma crônica, todo santo dia, e tendo eles gênero, e idade muito diversa, já é um sucesso. Sem falar na disparidade intelectual. Brindam-me com suas leituras donas de casa aposentadas, advogados ranzinzas, artistas, escritores, ex-colegas de ginásio, e eventualmente um ou outro parente. O que sabem é que de futebol eu não trato. Música também não é minha praia. Reclamam porque falo (escrevo) sobre política, e livros em demasia. Quando faço uma crônica mais "picante", os moralistas não curtem. Não é fácil, e nem estou preocupado  agradar a todos. Fiquei sabendo que tenho uma leitora no Rio de Janeiro que não faz nada, ao acordar pela manhã, sem antes dizer para o marido: "Vamos ler a pérola do dia", se referindo, sarcástica e ironicamente, às minhas publicações. Tomei como um elogio, apesar da ironia e sarcasmo. A luta para cativar, e condicionar o "consumidor" de qualquer coisa, de pasta de dente, a massa de tomate, é insano. Uma crônica é a mesma coisa. As pérolas nascem do incomodo de um grão de areia. Torna-las um vício ou hábito já é um feito. Espero poder continuar a ser, não uma pérola, mas um grão de areia e provocar as mentes e imaginação dos meus leitores. 

Eduardo P. Lunardelli

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