quarta-feira, 18 de maio de 2016

Lançamento do livro Guerra ao Fanatismo

O evento será no Centro Cultural Zé do Norte, na próxima quinta-feira, dia 19, a partir das 19 horas. O livro Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero, publicado pela Editora Livro Rápido, do Recife, será apresentado pelo padre Janilson Rolim. 
O ensaio analisa a criação, em 1914, da diocese de Cajazeiras, a partir do contexto nacional marcado pela reestruturação da Igreja Católica Apostólica Romana, depois da separação da Igreja do Estado, decretada pelo regime republicano. Nessa época, existia forte oposição da hierarquia católica às ações desenvolvidas pelo padre Cícero, desde a ocorrência e divulgação do pretenso milagre da transformação da hóstia em sangue na boca da beata Maria de Araújo. A intransigente posição da Igreja oficial teve efeito decisivo na localização do bispado em Cajazeiras. Daí porque mergulhei na história de mais de um século atrás, visando reunir dados e pontos de vista que confirmam o que o sociólogo Sergio Miceli classificou como um cerco ao fanatismo irradiado de Juazeiro.
Eis um resumo do conteúdo do livro
Quais os efeitos da separação da Igreja do Estado imposta pela República? Por que o fanatismo religioso em torno do padre Cícero atemorizou a Igreja? Por que o Vaticano o puniu? A instalação do bispado em Cajazeiras se deve ao prestígio dos donos do poder local? A imagem do padre Inácio Rolim influenciou a escolha da sede da diocese? A Igreja se aliava aos coronéis? Como eram vistos os cangaceiros? Essas questões, isoladas na aparência, se encaixam sob o olhar crítico de Cartaxo Rolim, que encontrou respaldo acadêmico e percorreu, seletivamente, a história do Brasil, do ocaso do Império ao começo do século XX, para fundamentar ousadas afirmativas.
Fatores históricos nacionais e regionais, relacionados com a estratégia de atuação da Igreja, são esmiuçados no ensaio, no qual aflora a contradição entre a concepção da hierarquia católica e a crença popular na santidade do padre Cícero. 
Tal descompasso é tratado aqui com isenção. A expansão territorial da Igreja no Nordeste, após a extinção do padroado, sofre a influência da decisão da cúpula do clero de estabelecer um cerco ao fanatismo religioso. Fanatismo derivado dos “fatos extraordinários do Joaseiro” e da transformação do padre Cícero em mito. Na ótica oficial, as romarias a Juazeiro representavam um perigo, numa época em que a sombra de Antônio Conselheiro ainda se projetava com vigor. Tudo isso, associado a alianças de coronéis e cangaceiros, assustava à Igreja no Brasil.
O livro esquadrinha fatos históricos, confronta opiniões contemporâneas dos acontecimentos. Daí as constantes referências à situação política e religiosa da Paraíba e do Ceará, no começo do século XX. Para isso, o autor recorreu à extensa bibliografia, cartas pastorais e outros documentos. E consultou centenas de exemplares do jornal A Imprensa, órgão oficial da diocese da Paraíba, fonte indispensável para captar o ponto de vista da Igreja acerca do fanatismo religioso e do papel exercido pelo padre Cícero.
Fruto de mais de dois anos de estudos, este livro procura desfazer, também, alguns equívocos repetidos pela tradição oral e incorporados pela historiografia paraibana. Emblemática é, por exemplo, a falsa disputa que teria havido entre cidades sertanejas para sediar o bispado, criado em 1914 no sertão da Paraíba.
P S – Convido você, leitor e leitora amiga, a comparecer ao Centro Zé do Norte, dia 19, quinta-feira.
 
Do Candeeirocaja

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