segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Meus medos

Essa coisa de ser macho e não ter medo ficava bem em Lampião, que andava com uma tropa de choque violenta e enfrentava policiais despreparados.
 
          No meu caso já enfrentei umas paradas duras, mesmo sozinho, como por exemplo quando fui testemunha do assassinato de Zuzu Angel. Isso me endureceu, mas de modo algum me blindou para certos medos que sempre me acompanharam. Um deles é andar de elevador. Uso todos os dias, mas basta aquela caixinha dar um sacolejo ou demorar para abrir as portas que imediatamente entro em pânico. É momentâneo, mas é terrível. Tenho dois truques para esses momentos. O primeiro é praticar a respiração que aprendi com o Pilates. O segundo é usar o celular, para distrair a atenção. Ocorre que quando você está trancado no elevador, parece que o oxigênio desapareceu e com certeza o sinal do celular não existe.

          Uma solução para esse problema me foi ensinada pelo Deputado Branco. Contou que participava de um encontro da UNALE em Porto Alegre, na companhia de outros Deputados paraibanos, ente eles Fabiano Lucena, Ranieri Paulino e Ricardo Barbosa.

O Deputado Branco estava voltando para o hotel depois de ter ido a uma loja de importados que vendia produtos baratos. Entre as compras ele trazia uma garrafa de uísque Buchanan’s, e convidou vários colegas que estavam na recepção do hotel para subirem até o restaurante localizado no último andar e degustarem o escocês. Ato seguinte entraram todos no elevador, mas ao invés de subirem tiveram a desagradável surpresa de uma pane, que fez o elevador descer violentamente até o subsolo, permanecendo trancados lá por meia hora, até que o pessoal da manutenção consertou tudo e enfim conseguiram abrir a porta do elevador. Ocorre que os Deputados haviam “matado” a garrafa de uísque juntamente com o cabineiro, que embriagado recusava-se a sair, aos berros: “-Saio não. Nem minha mulher me tira de um bar, avalie esses dois aí de macacão da Otis. Pode trazer outra garrafa que vai ser por minha conta”.

         Um Deputado de Alagoas que participou da aventura, queixava-se: “-Pena que não tivesse tira-gosto. A cada lapada pura que tomávamos, ou mordíamos a língua ou apertávamos a mão dos colegas”.    
        Vou sugerir aos síndicos de edifícios que adotem um kit sobrevivência nos elevadores; uma garrafa de uísque e uns pacotes de pipoca, ao menos.

           Difícil vai ser a questão do gelo... .

Marcos Pires
Do Blogo do Tião

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