sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A política e o tédio

Recebo o recado de um amigo: "Você precisa escrever mais sobre política". E acrescenta que eu ando muito "alienado" ou "por fora", como se costuma dizer agora." 1967, 19 de outubro, Rubem Braga publicou as frases acima, em sua crônica no Diário de Notícias. Meus leitores poderiam tomar como minhas, não fosse o "por fora" como expressão em "uso agora". Ela tem exatos 50 anos. E o Braga continuava seu texto dizendo: "O amigo tem razão, mas o diabo é que não gosto de forçar minha natureza, e confesso que mal tenho lido as seções políticas dos jornais. O tédio me vence". Eu poderia assinar essa parte da crônica hoje. Cinquenta anos depois. O Brasil é grande, lento, provinciano, e tropicalmente corrupto. Avança, mas muito lentamente.
 
Esta croniquinha estava pronta há vinte dias. Ante ontem recebo este comentário feito por Cassio Penteado: "Pessoalmente gostava mais de sua versão "comentarista do dia a dia" expondo opinião sobre assuntos quentes que provocavam os seus leitores. Vc mudou o foco para um passado glorioso da crônica brasileira com três ou quatro vultos. São agora escritos históricos apenas. Volte ao bom combate do dia a dia. Seja um renovado Jabor... Esperei um texto sobre a morte do Ministro e tu vem com Rubem Braga que repousa no panteão de uma era passada..."
 
E minha resposta ao meu leitor e primo é mais ou menos a que o velho Rubem deu 50 anos atrás. Mas vou além, desde sempre minhas abordagens foram sobre política, literatura, e memórias. Do dia a dia cuidam os jornalistas, repórteres, e articulistas que tem por obrigação cobrir os acontecimentos diários. Eu não. E se num passado recente falei quase todos os dias contra o governo corrupto da Dilma, e do PT, foi por uma necessidade cívica e patriótica. Hoje não há mais espaço para minha atuação. De quando em quando saio em defesa do Temer, porque dele depende nossa sorte. De quando em quando ataco ferozmente os apátridas que continuam bradando: "Fora Temer", e combatendo os ingênuos, ou nem tanto, que preconizam: "Diretas já". Quanto aos acidentes aéreos onde as falhas humanas, ou razões estritamente meteorológicas são as causas, como foram nos casos do Eduardo Campos  e agora do Ministro Teori Zavascki,  me nego entrar nessa bobagem da Teoria Conspiratória que sempre, "os mesmos", levantam. De resto temos que lamentar a fatalidade que certamente irá prejudicar muito a Operação Lava jato, ou no mínimo retardar seu desfecho.  
 
Eduardo P. Lunardelli

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