terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Segundo poema didático

Nós ainda estamos resolvendo os assuntos de Roma
nós somos Roma
e o velho Egito e Nínive e Babilônia...
E,
apesar das brincadeiras laboratoriais,
ainda somos gerados da mesma maneira.
Nada nasce do ar.
Os próprios deuses,
tão diversos,
são,
conforme a vez, o tempo, a ocasião,
as fantasias sucessivamente usadas e despidas
pelo Deus único e verdadeiro.
Uma divina mascarada? Não!
Ele não tem a mínima culpa dos costureiros.
Por trás dos disfarces
- no meio de todos e de tudo -
sorri, complacententemente,
o Deus Nu.
Sorri, sobretudo,
para o poeta que toca o pandeiro,
a lira
o pífano
o violoncelo profundo
enquanto,
ao pé de todas as cruzes,
soldados jogam os dados
os destinos de Roma e do mundo.


Mário Quintana

Nenhum comentário: